Faço questão de parar, para respirar um pouco, para depois ponderar algo parecido com o que expus acima porque a própria dissonância cognitiva maquiavélica e já viciosamente encrostada nos imaginários ‘’pueris’’ e que funcionam como ferramenta de controle absoluto gerando toda essa desarmonia de pensamento, que confunde e acaba mesmo é fundindo (e ‘’fudendo’’) um de nossos motores principais: o nosso cérebro, e também o nosso espírito, e por conseguinte, o nosso corpo, que sente e padece, e aí, pra qual retifica então deveríamos ser imediatamente levados após anos de bombardeios seriamente agressivos e poderosos o bastante para distorcer até mesmo aquele mais nobre valor e aquele mais belo e intocável princípio que a sua avó italiana (que muitas vezes nem ler sabia – a minha era médica – mas também também carregava consigo toneladas de fés militantes e imutáveis) te ensinou. Mas ‘’ela’’ era muito sábia! Tão sábia que investiu boa parte do tempo dela para me ensinar algo que eu pudesse carregar para o resto da vida, e a minha avó a é pessoa deste mundo da qual mais sinto falta, porque assim como mãe e pai, também já se foi. No entanto, é dela que até hoje carrego os mais ricos ensinamentos. Aprendi a compreendê-la muitos anos depois, e ela já tinha ido embora, infelizmente. Mas hoje sei que vencer e/ou diluir a minha própria ignorância é um desafio que devo levar e superar diariamente e para o resto da vida.
Eu mesmo, enquanto curioso fazedor de perguntas, sempre me confundo com as respostas que surgem, porque muitas delas tentam nos enfiar, sem KY. E, intrigado com as respostas que ouço sobre o que é ou o que seria ou não o tal do ‘’Sucesso’’, eu continuo fazendo perguntas. O que seria, então um ‘’Vencedor’’?
Alguns ‘’profissionais’’, alguns familiares, alguns sócios, ou supostos profissionais mentem bastante (tanto pra si mesmos quanto pra quem estiver ao lado) , marketam, vendem, oprimem, humilham, tentam vender, formatam, banalizam, rotulam, e acabam sendo levianos e gulosos quando tenta simplificar temas tão complexos quanto ‘’A transformada de Fourier’’, tema sobre o qual eu mesmo não teria a menor ideia do que se trataria e pra quê serve: ’Em matemática, a transformada de Fourier é uma transformada integral que expressa uma função em termos de funções de base sinusoidal. Existem diversas variações diretamente relacionadas desta transformada, dependendo do tipo de função a transformar’’. E exatamente por apresentarem-se como complexos, esses temas mereceriam muito mais que especial atenção. Mereceriam observação minuciosa e muito cuidadosa, e, sobretudo, carinho e bom senso. Muitas vezes, ao invés de ajudar, muitos amigos, profissionais, maridos, esposas, irmãos, primos tios, tias, coaches, treinadores, psicólogos, médicos, advogados e/ou familiares acabam atrapalhando e confundindo mais ainda a cabeça de muitas pessoas, porque o fazem (ainda que não queiram e que não seja esta a intenção) com que nos sintamos ainda piores, ou seja, uns merdas incapazes.
Eis aqui mais um ‘’grito de ignorância observada’’!
Certa deixa, diante de uma entrevista com o dono de um curso – famoso e demandado Coach – teve a audácia burra e limitada de me perguntar, sem me conhecer e sem observar todos os arquivos que eu havia apresentado a ele para que pudesse conhecer o meu trabalho, num pen drive, que continuam poesias, discos pessoais gravados, filmes produzidos, livros escritos e modelos de negócios até confluentes com os dele: ‘’o que você já entregou para o mundo’’? Eu, à época, cabisbaixo, deprimido, contei parte da minha história e sugeri que ele percorresse os conteúdos do pen drive. Ele jogou o pen drive fora. Total desdém. Na cabeça obtusa e limitada do sujeito, que era muito bom com as técnicas de palco, e sabia repetir com maestria como um papagaio as passagens dos inúmeros livros que ele se gabava de ter lido, havendo ainda um detalhe sórdido: o sujeito não sabia falar português corretamente, mas fazia sim um trabalho digno com intenções positivas, além das financeiras pessoais. Estou apenas convidando à reflexão acerca do que o profissional considerava como sendo ‘’entrega’’ e, por conseguinte, ‘’sucesso’’, ou seja, para ele, quem não tinha metas consideráveis em seus tickets médios, não estava nos holofotes, não devia nem ser considerado, e tampouco treinado, o que considerei como sendo um paradoxo viciado e muito filho da puta. Arrogante, vaidoso, inculto e limitado, mas reiterando, um vencedor – esse mesmo sujeito também me ensinou preciosidades, e a ele sou muito grato. Apesar de que naquele dia eu havia ficado muito puto mesmo, com o descaso latente proporcionado por aqueles poucos minutos diante de uma suposta tentativa de estreitamento do Rapport. Acontece, mas se ele soubesse quem eu era, e de que família eu era, teria me tratado de modo diferente. Motherfucker estúpido e insensível! E interesseiro! Como se cada um de nós não tivesse a própria estória de vida, os próprios traumas pregressos, o próprio ego torto e machucado, a ser diluído, tratado e restaurado, enfim. PQP! Na hora lembrei-me de uma classicão dos Titãs: ‘’Vão se fuder! Porque aqui na face da terra só bicho escroto, é o que vai ter’’! Calma lá, porra! Cada um de nós precisa ter a chance de ser ouvido, de contar a própria estória sob a sua própria ótica, a sua versão vivenciada e sentida, ainda que ela esteja ou tenha sido construída de forma toda errada, cada um de nós precisa ter a chance de prosseguir tentando consertar aos poucos aquilo que já resta abalado, traumatizado, ineficaz e, por conseguinte, empoeirado e inerte! A ‘’entrega’’ ao universo vem depois que vencemos as curvas sinuosas da nossa própria ‘’Insólita Viagem’’.
CANNAVARO, A. ‘’Ingratos Inglórios – O Grito da Ignorância Observada – O Palhaço Índigo exclama, informa e transforma’’.